Personal confundida com mulher trans e impedida de entrar em banheiro feminino prestou queixa na polícia; saiba como denunciar casos de LGBTfobia
OAB alerta para subnotificação desse tipo de crime em Pernambuco. Polícia Civil registrou ocorrência como constrangimento ilegal, vias de fato e ameaça. Ad...

OAB alerta para subnotificação desse tipo de crime em Pernambuco. Polícia Civil registrou ocorrência como constrangimento ilegal, vias de fato e ameaça. Advogado da OAB pontua que vítimas de transfobia são amparadas pela lei Em Pernambuco, existe uma subnotificação dos casos de LGBTfobia. O alerta foi feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) após a repercussão da discriminação sofrida por uma personal trainer impedida de entrar em um banheiro feminino em uma academia no Recife, ao ser confundida com uma mulher trans (veja vídeo acima). O caso de transfobia ocorrido na segunda-feira (26) foi filmado pela vítima e trouxe à tona a importância de denunciar esse tipo de crime, o que pode ser feito em qualquer delegacia do estado. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, conta, ainda, com uma unidade especializada para vítimas de intolerância. ✅ Siga o perfil do Bom Dia Pernambuco no Instagram Para combater essa subnotificação dos casos, é importante frisar nos boletins de ocorrência a existência da transfobia, de acordo com o advogado e integrante da Comissão de Diversidade e Gênero da OAB-PE, Sérgio Pessoa. "Com essas informações mais precisas, é possível direcionar melhor as políticas públicas para acolher a população nessas circunstâncias", disse o advogado em entrevista ao Bom Dia Pernambuco, da TV Globo. Ainda segundo Sérgio Pessoa, os órgãos públicos precisam de preparo para acolher as vítimas. "A grande dificuldade é o treinamento que tem que ser feito nos órgãos públicos de forma constante, e não em períodos sazonais. E também a própria consciência da população e, de certa forma, políticas públicas no sentido de demonstrar como isso é uma situação grave", afirmou. A população transgênera é uma das mais vulneráveis no país. Segundo o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgado em janeiro deste ano, Pernambuco é o sexto estado brasileiro que mais mata pessoas trans. A maior concentração dos assassinatos foi observada no Nordeste, com 41% dos casos. O Brasil não tem uma lei específica contra LGBTfobia, que é o ódio, assédio e ataque contra a população transgênera. Vítimas desse crime são amparadas pela Lei do Racismo (Lei nº 7.716/89), que foi ampliada, em 2019, para cobrir também atos de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero. Discriminação em academia no Recife A personal trainer Kely Moraes foi xingada e impedida de entrar no banheiro de uma academia, ao ser confundida com uma mulher trans. O caso ocorreu na unidade da Selfit localizada no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na manhã da segunda-feira (26). A vítima foi abordada por um casal que treina na academia onde ela trabalha. Em suas redes sociais, a personal trainer fez um desabafo (veja vídeo abaixo). Kely Moraes contou que caiu da moto no caminho do trabalho e foi ao banheiro se limpar, já que estava com o pé sangrando. Na saída, uma mulher começou a xingá-la. 'Trans são lindas', diz personal impedida de entrar em banheiro de academia O g1 conseguiu confirmar a identidade do casal envolvido que discriminou a personal: Karolaine Klecia da Silva e Marcos Aurélio Mendes Leite. Eles foram procurados, mas, até a última atualização desta reportagem, não se manifestaram sobre o caso. Em nota, a Selfit lamentou o episódio e disse que "repudia qualquer ato de preconceito ou violência". Também informou que "foi iniciada uma apuração interna rigorosa e serão aplicadas medidas disciplinares adicionais, conforme os princípios e valores da empresa". A personal trainer fez um boletim de ocorrência e contou que irá processar o casal envolvido. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado pela Delegacia de Boa Viagem como uma ocorrência de constrangimento ilegal, vias de fato e ameaça. A corporação disse que um inquérito foi instaurado e que as investigações seguem "até a completa elucidação" dos fatos. Casal impediu personal de entrar em academia ao confundi-la com trans Reprodução/WhatsApp Outro caso de discriminação Em dezembro de 2023, uma mulher cis também foi confundida com uma pessoa transexual quando estava em um restaurante em Boa Viagem. A vítima, com 34 anos na época, foi agredida com um soco no rosto por outro cliente do estabelecimento. O caso aconteceu no restaurante Guaiamum Gigante. A mulher, que não quis se identificar, contou que um homem desconhecido a abordou na saída do banheiro feminino e perguntou se ela era um homem ou uma mulher. Ao questionar o motivo da pergunta, o homem a agrediu fisicamente. Ainda de acordo com a vítima, o gerente do Guaiamum Gigante facilitou a saída do agressor do local. O restaurante publicou uma nota na qual confirma ter retirado o agressor do local sob a justificativa de “resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes”. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias